Para corrigir imperfeições e retirar a gordura localizada, muita gente, especialmente as mulheres, se submetem à lipoaspiração. Entretanto, vale frisar, o método não pode ser utilizado como meio de emagrecimento e há riscos inerentes ao procedimento, já que trata-se de uma cirurgia.
Fazer uma lipoaspiração ou Lipoescultura é o sonho de muita gente que deseja eliminar o excesso de gordura localizada, em especial as mulheres. A técnica consiste na retirada de volume gorduroso por meio de aspiração ou de seringa. A cirurgia tornou-se cada vez mais acessível, sendo possível encontrar parcelamentos em até 36 vezes. Mas se submeter a uma lipo não é tão simples assim. Alguns cuidados são extremamente importantes para evitar complicações na mesa de operação.
Recentemente, a mulher do cantor norte-americano Usher, Tameka Foster, 37, sofreu uma parada cardiorrespiratória quando era anestesiada para uma lipoaspiração. A mulher de Usher deu à luz um bebê dois meses antes, o que pode ter aumentado o risco para o problema na cirurgia. De acordo com a cirurgiã plástica Ivanoska Filgueira, as alterações hormonais naturais da gravidez aumentam o potencial complicador em um procedimento cirúrgico.
“Assim, nos primeiros meses após o parto, há maiores chances de tromboses e embolias durante uma cirurgia”, explica Ivanoska. A cirurgiã recomenda que a intervenção seja feita após o término da amamentação. Esse risco também existe em mulheres fumantes ou que tomam anticoncepcionais. “Muitas delas não sabem, por exemplo, que, para se proteger da embolia, os anticoncepcionais devem ser suspensos por, pelo menos, 14 dias antes do procedimento”, observa.
Ivanoska lembra, ainda, que a lipo não é indicada como método de emagrecimento. “A cirurgia é voltada para quem, após encarar uma dieta equilibrada e adotar uma rotina de atividades físicas, não conseguiu se livrar das gorduras extras”, ressalta. De acordo com o Conselho Federal de Medicina e a Câmara Técnica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os volumes aspirados não devem ultrapassar 7% do peso corporal nas cirurgias infiltrativas (aquelas em que soro fisiológico e anestésico são injetados na camada de gordura antes de aspirá-la) e 5% nas não-infiltrativas.
Possíveis riscos e contraindicações
Há sempre um risco calculado para todo e qualquer procedimento cirúrgico e a função de um bom médico é tentar reduzir ao máximo a possibilidade de intercorrências. Uma simples vitamina E ou uma substância para dar mais pique, como o ginseng, podem interferir no momento da cirurgia. É de extrema importância informar ao médico cirurgião se você está se submetendo a algum tratamento medicamentoso, antes de partir para a lipoaspiração. O anestesista Hélio Ferreira de Oliveira afirma que o uso de chás estimulantes, de moderadores de apetite ou de remédios para controlar a ansiedade apresentam interações com as medicações anestésicas. “É importante identificar os agentes que fazem parte da fórmula do moderador de apetite e seus possíveis efeitos colaterais e sinérgicos”, frisa Hélio.
Suspensão de medicamentos
Ainda, de acordo com ele, substâncias como a anfepramona possuem atividades farmacológicas similares às anfetaminas, com ação sobre o hipotálamo. “O uso desses remédios deve ser suspenso 15 dias antes da realização da cirurgia, para que o organismo elimine totalmente a droga”, alerta.
Conforme o médico, os usuários de drogas lícitas ou ilícitas são considerados pacientes de risco para a realização de qualquer tipo de intervenção cirúrgica. “O fumante está sujeito a sofrer um tromboembolismo durante o procedimento. Já os usuários de cocaína e outros entorpecentes podem sofrer alterações metabólicas e lesões crônicas em órgãos vitais como o fígado”, salienta. O anestesista é enfático ao afirmar que não realiza cirurgia de abdômen em pacientes deste grupo.
Análise detalhada de cada caso
Há, ainda, outras contraindicações, referentes a casos de pacientes que tenham excesso exagerado de peso ou muita flacidez de pele. Males como hipertensão, alergia severa ou arritmia, por exemplo, também são fatores de risco e o procedimento também é desaconselhado nessas condições. “Grandes lipoaspirações ou cirurgias combinadas em pacientes com hipertensão, diabetes, portadores de doenças da tireoide, asmáticos, ou viciados em drogas devem ser realizadas com muita cautela”, explica Ivanoska Filgueira. A cirurgiã não recomenda a lipoaspiração para quem está acima de 30% do peso corporal ideal, possui obesidade mórbida ou excesso de pele. Cabe ao cirurgião avaliar a relação risco versus benefício.
Pessoas que sofrem de alterações psicológicas, como depressão, e doenças ligadas à auto-imagem – anorexia e bulimia, por exemplo – também correm maiores riscos. “Nesses casos, é preciso acompanhamento profissional psicológico antes da cirurgia”, defende a especialista. Doenças sistêmicas graves, cardíacas, pulmonares obstrutivas crônicas e histórico de trombose venosa são outros fatores impeditivos para a realização do procedimento.